COLUNA DO DOMINGOS KETELBEY

O desafio de Mabel: ir além do populismo que marca Goiânia

Políticas populistas marcam mandatos de prefeitos eleitos na capital goiana

Desde sua fundação, Goiânia tem sido governada por líderes que entendem a importância de manter os olhos voltados para o povo – ou, pelo menos, de parecerem assim. De Pedro Ludovico a Sandro Mabel, que já inicia sua gestão com ações de impacto, o populismo se firmou como um fio condutor das istrações=.

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Iris Rezende talvez seja o mais emblemático. Mais do que um gestor, Iris moldou a ideia de que o prefeito de Goiânia deve ser uma figura quase mítica: sempre presente, falando diretamente às demandas populares. Seus mutirões não eram apenas eventos de prestação de serviços; eram espetáculos políticos que o colocavam como o mediador direto entre a máquina pública e o cidadão. Ao eliminar intermediários e levar ações básicas aos bairros, ele criou um modelo que, até hoje, molda o imaginário do eleitor goianiense.

Mabel, ao assumir a prefeitura após o desastroso mandato de Rogério Cruz, não esconde a intenção de ocupar esse mesmo espaço. Em poucos dias, decretou calamidade pública, tirou semáforos, vai colocar motos para circularem ao lado de ônibus, visitou hospitais de madrugada, colocou presidiários para limpar ruas e repete os mesmos mutirões que remetem à era Iris. São ações que, práticas ou controversas, têm o mérito de criar a imagem de um gestor operoso e ível. Mas até que ponto a repetição dessa fórmula resiste ao tempo?

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Embora eficiente no curto prazo, o populismo de gestos grandiosos é, em essência, uma abordagem reativa. A cidade cresce, os problemas se multiplicam, e mutirões ou visitas surpresa podem não bastar para enfrentar demandas estruturais. A calamidade que pode surgir de motos dividindo espaço com ônibus ainda será vista. Seja como for, a história ensina que o eleitor goianiense se encanta por prefeitos que estão ao seu lado – mas também cobra aqueles que não conseguem transformar presença em resultados consistentes.

Goiânia parece condenada a ciclos de governantes que jogam o jogo do populismo. O desafio, no entanto, está em ir além do espetáculo e construir uma cidade que, no futuro, não dependa tanto de gestos heroicos – e mais de políticas publicas que enfrentem as causas profundas de seus problemas.

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