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Após posse, Trump anuncia que vai perdoar os envolvidos no ataque ao Capitólio

Ele anunciou que iria emitir os perdões até o fim do dia, cumprindo a promessa horas depois, no "decretaço" direto do Salão Oval

Ainda em março, quando era pré-candidato à indicação pelo Partido Republicano para disputar as eleições de 2024, Donald Trump prometeu libertar os detidos pelo envolvimento no ataque contra o Capitólio, que completou quatro anos na segunda-feira. Já como presidente eleito, não esqueceu do perdão prometido, afirmando que viria ainda no primeiro dia, “nos primeiros nove minutos” de seu mandato.

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Nesta segunda-feira, em discurso perante apoiadores no Capital One Arena, no centro de Washington, ele anunciou que iria emitir os perdões até o fim do dia, cumprindo a promessa horas depois, no “decretaço” direto do Salão Oval. Ao todo, cerca de 1.500 condenados, a quem Trump chamou de “‘reféns”, foram perdoadas. Membros dos grupos extremistas Oath Keepers e Proud Boys, cujos líderes receberam algumas das sentenças mais altas pela invasão, tiveram suas sentenças comutadas. Mas o que isso significa na prática?

— Nunca tivemos nenhum evento como o 6 de janeiro, então eu acho que perdoar pessoas que fizeram parte disso seria sem precedentes por natureza — observou Alex Conant, estrategista republicano que já trabalhou para o futuro secretário de Estado, Marco Rubio, ao Wall Street Journal, antes da posse.

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Atualmente, os casos de perdão são tratados em um escritório dentro do Departamento de Justiça, como explica Kim Whele, autora de “Pardon Power” (2024). A especialista afirma que aqueles que buscam perdão preenchem um formulário e que há vários critérios a serem respeitados. Em quatro anos de mandato de um presidente, esses advogados classificam cerca de “dez mil” pedidos e fazem recomendações ao mandatário, que pode aceitar ou não.

— Mas [com o perdão presidencial] o presidente pode pular todo esse processo, o que também permite ignorar as diretrizes de aplicação, como uma que afirma que os condenados só são elegíveis cinco anos após o término da sentença — explicou a especialista.

Whele disse que nem todos os perdões que ignoram o processo habitual são controversos, e que presidentes dos dois partidos já lançaram mão da estratégia — algumas, polêmicas. No mais recente, Joe Biden, concedeu o perdão ao filho Hunter, condenado em um processo federal por mentir sobre o uso de drogas para comprar uma arma e processado por evasão fiscal. Nesta segunda-feira, Biden também lançou mão de perdões preventivos para pessoas que poderiam potencialmente ser perseguidas politicamente, algo sem precedentes.

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A ação de Biden com o filho “claramente torna mais fácil para Trump” usar o perdão de maneira similar, explicou Conant, já que geralmente a sociedade não recebe bem os presidentes que não seguem nenhum processo do Departamento de Justiça, aplicando o perdão de uma forma que “um cidadão comum não seria considerado para esse tipo de indulto”.

‘Prejudicaria Justiça dos EUA’
Para um porta-voz da Sociedade pelo Estado de Direito, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, os reflexos serão sentidos aqui e agora, com uma fragilização do sistema judiciário americano e um empoderamento para aqueles que atentam contra as instituições do país.

— [O perdão] prejudicaria o judiciário e o sistema de justiça criminal dos EUA e enviaria uma mensagem aos americanos de que atacar as instituições democráticas dos EUA é apropriado e justificável — afirmou também antes da posse.

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Em geral, quem se posiciona de maneira contrária à promessa de Trump argumenta que perdoar os envolvidos no ataque ao Capitólio seria não só normalizar a invasão e falta de respeito aos ritos democráticos (que não apenas deixaram marcas na história da democracia do país, como cinco pessoas mortas e cerca de 140 policiais feridos), mas também fazer vista grossa a crimes graves.

Desde aquela tarde de janeiro, mais de um terço das pessoas condenadas ou que se declararam culpadas foi acusado de crimes que envolvem agressão, resistência ou obstrução à aplicação da lei, informou o Wall Street Journal. A CBS informou, por sua vez, que pelo menos 170 são acusados de usar armas mortais ou perigosas, como extintores de incêndio e spray de urso contra policiais. O Departamento de Justiça afirma que centenas cumprem ou já cumpriram penas de prisão.

Joseph Biggs, líder do grupo de extrema direita Proud Boys e que desempenhou um papel crucial na invasão, e Stewart Rhodes, líder do Oath Keepers, foram condenados por conspiração sediciosa. Isto é, conspirar “para derrubar, reprimir ou destruir pela força o Governo dos Estados Unidos, […] ou pela força impedir, dificultar ou atrasar a execução de qualquer lei” do país, crime que pode resultar em até 20 anos de prisão. Biggs e Rhoeds foram condenados a 17 e 18 anos de cárcere, respectivamente.

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— A noção de que Stewart Rhodes poderia ser absolvido é assustadora e deveria ser assustadora para qualquer um que se importe com a democracia neste país — disse o juiz Amit Mehta, citado pelo Guardian, antes da posse.

O Departamento de Justiça, também citado pelo jornal britânico, é incisivo ao dizer que “a dissuasão geral pode ser o motivo mais convincente para aplicar uma sentença de prisão”.

Quem vai receber o perdão?
Até o momento, não há detalhes sobre os beneficiados pelo perdão presidencial, além de lideranças do Oath Keepers e Proud Boys. Em resposta à imprensa americana, a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, disse que o presidente eleito “perdoará os americanos aos quais foi negado o devido processo legal e foram processados de maneira injusta pelo Departamento de Justiça emparelhado.” Em outro comunicado, Leavitt afirmou que a concessão do perdão será feita caso a caso.

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Trump constantemente muda seus discursos sobre quem receberá o benefício. Um dia após o 6 de janeiro, disse que aqueles que se envolveram em episódios violentos e de destruição “pagarão”. Depois, ou a usar a promessa para mobilizar sua base antes da eleição, chegando a descrever o ataque como um “dia de amor” e os desordeiros como “reféns”. Agora, quando questionado se nem todos serão perdoados, limita-se a dizer que analisará individualmente cada caso.

Nem Trump, nem sua porta-voz explicaram como será feita essa análise.

O ex-chefe de Gabinete da Casa Branca Leon Panetta disse ao Guardian que Trump até poderia usar corretamente o perdão presidencial a réus do 6 de janeiro que tivessem sido, de modo comprovado, “falsamente acusados ou tiveram problemas” com sua acusação.

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— Isso precisa ser levado em consideração — argumentou Panetta, que também foi diretor da CIA e secretário de Defesa. — [Apesar disso], não há nenhuma dúvida [de que] a multidão estava determinada a garantir que a Constituição não fosse seguida quando se tratasse da eleição. E isso é o mais próximo de uma insurreição que este país já chegou.

*Com informações do portal O Globo

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