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Presidenciáveis 2018

Plataforma econômica de Alckmin propõe abertura comercial gradual

O coordenador do programa de governo em comércio exterior de Alckmin, embaixador Rubens Barbosa, afirma que o modelo de crédito subsidiado do BNDES está superado

A economia brasileira vai ter que encarar um processo de abertura comercial se Geraldo Alckmin (PSDB) for eleito presidente. Quem toca no tema sensível ao empresariado é o coordenador do programa de governo em comércio exterior de Alckmin, embaixador Rubens Barbosa.

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“O país vai ter que encarar isso. Esse modelo de crédito subsidiado do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que os empresários usaram nos últimos 50 ou 60 anos está superado. E não acabou por uma questão ideológica, mas porque o Estado brasileiro quebrou”, diz o coordenador.

Barbosa foi embaixador do Brasil em Washington entre 1999 e 2004, além de coordenador para a área externa de todas as campanhas do PSDB à presidência após FHC. Questionado se o posicionamento costuma render debates acalorados na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), onde preside o conselho de comércio exterior, Barbosa diz que grande parte dos empresários já tem consciência da “necessidade”.

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“Ninguém está falando em fazer qualquer abertura. Não se pode baixar todas as tarifas como fez o [ex-presidente] Collor, sem preparação”, diz. “É abertura com previsibilidade, por meio da negociação dos acordos comerciais, com prazos para desgravar [o período que a alíquota do imposto de importação do produto será reduzida a zero]. Senão, quebra a empresa e ainda eleva o desemprego”.

Ao falar de política cambial, Barbosa diz não ser possível abrir mão de um câmbio competitivo –aqui, não se sabe até que ponto o jogo foi combinado com Persio Arida, economista à frente do programa de Alckmin, em geral refratário a esse tipo de ideia.

“Por dois períodos, com Gustavo Franco [presidente do Banco Central entre 1997 e 1999] e Henrique Meirelles [à frente do BC na era Lula], tivemos um câmbio apreciado. Isso quebrou a indústria”, diz.
Embora exclua a possibilidade de manipulação da moeda, reconhece que há critérios que podem ser usados para tornar a política cambial favorável às exportações.

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“Só não vou dizer se é o câmbio a R$ 3,40, R$ 3,60 ou R$ 4”. Com relação aos investimentos chineses no Brasil -um dos focos de crítica do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL)-, o embaixador diz que é preciso pensar numa política de segurança nacional.

“Os EUA e a Europa estão proibindo a China de comprar empresas consideradas estratégicas. O que vamos fazer, não sei, mas precisamos de uma conversa séria com a China porque não somos dependentes deles. Eles é que dependem da gente na área de alimentação”, afirma.

Nesse contexto, o que dizer das tratativas entre Embraer e a americana Boeing ou da perspectiva de compra do controle da Braskem pela holandesa LyondellBasell? “A Braskem era monopólio local e agora vai ser um estrangeiro? Tem que ver isso.”

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Sobre o negócio entre Embraer e Boeing, ressalta que a questão tecnológica é importante. “E se todos os jovens engenheiros da Embraer se mudarem para os EUA, como fica? É um dos pontos que Alckmin vai ter que enfrentar. Hoje não sabemos os detalhes do negócio, mas é uma área de preocupação.”

A Ásia, sobretudo a China, e os EUA serão as prioridades. “Nos EUA é preciso defender interesses com os quais estamos engasgados. Eles estão bloqueando a nossa entrada na OCDE [organização dos países desenvolvidos].”
Outros pontos de atenção na área externa são os programas de incentivo à indústria automotiva e o acordo do Mercosul com a União Europeia.

“Vamos examinar as medidas que a OMC [Organização Mundial do Comércio] quer que o Brasil cumpra na área automotiva e ver se o Programa Rota 2030 está compatível. Deputados propondo emendas elevando incentivos certamente não é compatível”.

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Para Barbosa, a aparente falta de interesse dos EUA pela América Latina não atrapalha. “O problema é que, com a saída deles, entrou a China. Ela é que tira mercado da gente”. Na guerra comercial entre EUA e China, enxerga composição porque os interesses são grandes. Para o Brasil, pode haver vantagem imediata em alguns produtos -talvez a soja-, mas por pouco tempo.

“No longo prazo, perdemos por causa da queda do fluxo de comércio global. Se eles se acertarem, ainda corremos o risco de fazerem um acordo que elimine outros países. Então, nos resta ver o circo pegar fogo e ficar quieto. Como o Alckmin costuma fazer.”

Prestes a completar 80 anos, Barbosa se diz um otimista. “O Brasil é maior do que a América Latina. Estamos tão deprimidos com tudo que esquecemos da potência que é o país.”

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