Brasileira sofre ameaças após denunciar soldado de Israel por crimes em Gaza
A advogada Maira Pinheiro denunciou nas redes sociais as ameaças que tem sofrido, inclusive contra sua filha de 10 anos

A advogada brasileira Maira Pinheiro tem enfrentado ameaças graves de morte e violência sexual após processar o soldado israelense Yuval Vagdani por crimes de guerra na Faixa de Gaza. Vagdani, que estava de férias na Bahia, teve sua saída do país acelerada após a Justiça Federal determinar a investigação de suas ações em Gaza.
A ONG Hind Rajab Foundation (HRF), responsável pela ação, acusou o soldado de estar envolvido em demolições de casas civis em Gaza, com base em filmagens, fotografias e dados de geolocalização que mostram Vagdani plantando explosivos. A organização pede que o Brasil seja contra os militares, utilizando o Estatuto de Roma, e exige sua prisão imediata, temendo a destruição de provas e a fuga do suspeito.
A advogada Maira Pinheiro denunciou nas redes sociais as ameaças que tem sofrido, inclusive contra sua filha de 10 anos. Em sua publicação, ela afirmou que todas as ameaças foram encaminhadas à Polícia Federal. Apesar da pressão, Maíra declarou que confiava nas instituições brasileiras e continuaria a luta judicial. Ela está coletando informações dos agressores e investigando a possibilidade de entrar no Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos.
A situação gerou reações em Israel e no Brasil. A Embaixada de Israel no Brasil afirmou que a saída de Vagdani foi uma decisão pessoal do militar, enquanto a rádio oficial do exército israelense informou que o Ministério das Relações Exteriores de Israel acompanhou sua saída do país. Em resposta, a Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) criticou a atuação do governo israelense e da embaixada, acusando-os de facilitar a fuga dos acusados e de violar a soberania do Brasil.
O caso também gerou discussões políticas em Israel, com o líder da oposição Yair Lapid acusando o governo de não proteger seus militares no exterior. Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, rejeitou as críticas, acusando o movimento internacional de negar o direito de Israel à autodefesa.
A Fundação Hind Rajab e a FEPAL expressaram apoio ir à advogada Maira Pinheiro, condenando as ameaças que ela recebeu e afirmando que não serão bem-sucedidas em intimidadá-la ou silenciá-la.