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CRISE

Igrejas são queimadas após túmulos indígenas serem achados no Canadá

Incêndios estão sendo investigados como possíveis ataques

Igrejas são queimadas após túmulos indígenas serem achados no Canadá
Imagem ilustrativa (Foto: Reprodução/Freepik)

Duas igrejas foram incendiadas no Canadá, nesta quarta-feira (30), em meio a pedidos para que o papa peça perdão pelos abusos cometidos em internatos indígenas. Mais 182 túmulos sem nome de povos originários foram encontrados em uma terceira instituição no país, aumentando a crise. No total, oito igrejas foram queimadas. A polícia informou que os incêndios nas igrejas de Morinville, ao norte de Edmonton (Alberta), e San Kateri Tekakwitha, perto de Halifax (Nova Escócia), estão sendo investigados como possíveis ataques.

“Estamos investigando como [eventos] suspeitos”, afirmou à AFP o cabo Sheldon Robb, da Royal Canadian Mounted Police (RCMP), sobre o incêndio que atingiu a igreja de Morinville.

O primeiro-ministro Justin Trudeau disse em uma entrevista coletiva que as “assustadoras descobertas” dos túmulos sem nome obrigam os canadenses “a refletir sobre as injustiças históricas e contínuas que os povos indígenas enfrentaram”.

Trudeau solicitou a todos a participarem da reconciliação, do mesmo modo que denunciou o vandalismo e o incêndio de igrejas em todo o país. “A destruição de locais de oração não é algo aceitável e deve parar”, declarou. “Devemos trabalhar juntos para corrigir os erros do ado. Todos têm um papel a cumprir”, ressaltou.

Esses dois incêndios aumentam para oito o número de igrejas destruídas em todo o Canadá ou danificadas nos últimos dias por incêndios suspeitos, a maioria delas em comunidades indígenas.

Corpos de crianças

Também nesta quarta-feira, um grupo de especialistas localizou o que acredita ser os corpos de alunos de entre sete e 15 anos na antiga Escola St. Eugene’s Mission, perto de Crankbrook, na Columbia Britânica, disse Lower Kootney Band em nota. A nova descoberta ocorre depois que foram encontrados em maio os corpos de 215 crianças em sepulturas sem identificação na antiga Escola Residencial Indígena de Marieval, em Saskatchewan.

A comunidade indígena de Lower Kootenay disse que no ano ado foi iniciada uma busca nos terrenos de Cranbrook, onde a Igreja Católica istrou uma escola em nome do governo federal desde 1912 até o início da década de 1970.

Alguns dos túmulos estavam a apenas um metro de profundidade, segundo o relatório. Acredita-se que são os corpos de membros de vários grupos da nação Ktunaxa, que inclui a Lower Kootenay e outras comunidades indígenas vizinhas.

Até a década de 1990, cerca de 150.000 jovens indígenas, inuítes e mestiços foram matriculados à força em 139 dessas escolas residenciais, onde os estudantes foram abusados física e sexualmente por diretores e professores, que os separaram de sua cultura e idioma.

Mais de 4.000 morreram por doenças e negligência nesses internatos, segundo uma comissão de investigação que concluiu que o Canadá cometeu um genocídio cultural. Na sexta-feira ada, Trudeau se desculpou pela “política governamental prejudicial” e se juntou aos pedidos dos líderes indígenas para que o papa Francisco compareça ao Canadá para se desculpar por esses abusos.

A Federação de Nações Indígenas Soberanas, que representa 74 povos indígenas em Saskatchewan, pressionou a Igreja para cumprir sua promessa de indenizar ex-alunos com US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões). A Igreja arrecadou e doou apenas C$ 34.650 (US$ 27.950 ou cerca de R$ 140 mil), informou em um comunicado.

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