Após 40 anos, homem descobre que é filho do primo da mãe
Decisão judicial garantiu a multiparentalidade para que Willy Silva inclua sobrenome do pai biológico, mantendo sobrenome do homem que o criou

O goiano Willy Silva de Lima descobriu, aos 41 anos, que tinha um pai biológico diferente do homem que o criou. Seu pai biológico, Cleney Lúcio Braña, que é primo da mãe de Willy e mora no Acre, nunca deixou de acompanhar o crescimento dele, apesar da distância, já que desconfiava da possibilidade da paternidade.
A história dessa família começou há mais de quatro décadas, no Acre, quando Cleney e a mãe de Willy tiveram um relacionamento breve. Depois disso, ela formou uma família com seu novo parceiro em Goiânia, enquanto Cleney seguiu sua vida com outro relacionamento.
A verdade veio à tona durante uma visita de Willy aos familiares nortistas, em outubro de 2023. A semelhança de pai e filho chamou a atenção da esposa do homem, que conversou com a atual companheira e as filhas de Cleney sobre a suspeita e descobriu que elas também desconfiavam. “Quando ela falou isso, eu fiquei sem reação, porque foi algo que eu nunca imaginei estar ando, sabe? Fiquei bobo. Eu não sorria, eu não chorava, eu fiquei aéreo”, descreve Willy.
De volta a Goiás, o homem contou com a ajuda do programa Meu Pai tem Nome, da Defensoria Pública do Estado de Goiás, e, após os exames de DNA constatarem a paternidade, ele pôde registrar o nome do pai biológico em seus documentos, incluindo o sobrenome Braña, sem perder o vínculo afetivo com a pessoa que o criou.
“Eu sou filho único, só Deus sabe o que é ser criado só. Eu nunca tive uma companhia de um irmão, eu fui só, e eu sempre falava para minha esposa que eu nunca vou ser tio”, afirma Willy e emenda: “Eu espero que essa nossa história inspire outras pessoas. A gente sabe que não é um caso único, existem outros casos parecidos. O filho tem direito de saber quem é seu pai biológico. O seu pai afetivo vai ser pai da mesma forma, só que o filho precisa saber da verdade.”
Uma decisão judicial consolidou a multiparentalidade, garantindo a Willy o direito de incluir o sobrenome do pai biológico sem alterar sua relação familiar construída ao longo da vida.