Goiás adota sistema de alerta pelas redes sociais para encontrar crianças desaparecidas
Amber Alert é um sistema que dispara alertas em massa nas redes sociais da Meta para ajudar a encontrar crianças desaparecidas

O estado de Goiás adotou o Amber Alert, sistema internacional que dispara notificações em massa pelas redes sociais da Meta — Facebook e Instagram — para ajudar a localizar crianças e adolescentes desaparecidos. Implantada no território goiano há cerca de dois meses, a ferramenta já é usada em outras 25 unidades da federação, ampliando o alcance das buscas em casos graves.
No Brasil, o Amber Alert foi implementado em agosto de 2023, por meio de uma parceria entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e a Meta, que oferece a plataforma para divulgar os alertas.
A adesão de Goiás integra um processo gradual que começou com testes no Ceará, Minas Gerais e Distrito Federal, fortalecendo a mobilização da população e das autoridades para respostas mais rápidas e eficazes em desaparecimentos de menores.
Como essa ferramenta funciona?
Em entrevista ao Mais Goiás, o delegado Pedromar Augusto de Souza, titular do Grupo de Investigação de Desaparecidos (GID) da Polícia Civil, explicou que o alerta é acionado apenas em situações recentes e que envolvam risco real à vítima.
“Tudo começa com o registro da ocorrência em qualquer delegacia. Se houver indícios de que a criança ou adolescente está em perigo, o caso é encaminhado ao GID. Se os critérios forem atendidos, o Ministério da Justiça é acionado e o alerta é disparado nas redes sociais”, explica.
Assim que emitido, usuários do Facebook e Instagram em um raio de até 160 quilômetros do local do desaparecimento recebem uma notificação com a foto da vítima, características físicas e contatos diretos da polícia. “O sistema só é ativado em casos extremos, como sequestros ou risco iminente de morte. Não se aplica, por exemplo, a fugas motivadas por brigas familiares ou disputas judiciais de guarda”, afirma o delegado.
Ele relembra o caso de Amélia Vitória, adolescente de 14 anos sequestrada e morta após sair para buscar a irmã na escola. “Foi um desfecho trágico. Queremos evitar exatamente esse tipo de situação com o uso da tecnologia”, pontua.
Segundo as investigações, Amélia foi violentada e morta após ser sequestrada em Aparecida de Goiânia em dezembro de 2023. O suspeito, Janildo da Silva Magalhães, teria abusado da jovem em uma mata e depois em um imóvel abandonado, onde ou a noite com a vítima antes de matá-la por asfixia. O suspeito segue preso a disposição da Justiça.

Alerta com geolocalização
O sistema utiliza geolocalização para direcionar os alertas. “Se o desaparecimento acontece em Ceres, quem está em Goiânia não será notificado. Mas, se surgirem pistas de que a vítima foi levada para outra região, como no exemplo, em Goiânia, o alerta é redistribuído automaticamente para os usuários das redes sociais na capital”, detalha Pedromar.
Isso é possível graças ao rastreamento do IP do celular, ou equipamento eletrônico conectado à internet. A plataforma Meta usa a localização da pessoa através da recepção do sinal, se um usuário que mora em uma região se deslocar para uma outra cidade onde o alerta foi acionado, ele também irá receber a notificação de emergência. À medida que surgem novas informações, o alcance da notificação também muda.

Quando o alerta pode ser ativado?
Para que o Amber Alert seja acionado é necessário:
- Que a vítima tenha menos de 18 anos;
- Que o desaparecimento tenha ocorrido nas últimas 72 horas;
- Que haja indícios claros de risco à vida ou integridade da criança;
- Que a família autorize a divulgação das informações;
- Que exista uma foto recente da vítima com boa qualidade;
- Que o alerta seja formalmente solicitado por autoridade policial.
O aviso permanece ativo por até 24 horas, sendo cancelado caso a vítima seja localizada antes desse prazo.
O que fazer ao receber um alerta?
Se você receber a notificação e reconhecer a criança ou tiver qualquer informação, entre em contato pelos números informados no próprio aviso ou ligue para 197 (Polícia Civil) ou 190 (Polícia Militar).
“É preciso agir rápido. Não podemos esperar o pior. Quando um bebê é sequestrado de um hospital, uma criança é puxada pelo braço e levada por estranhos, uma adolescente é vista com um desconhecido e desaparece à força, cada minuto importa. É uma corrida contra o tempo. E o tempo, nesses casos, é decisivo”, alerta o delegado.

Por que “Amber”?
O sistema leva o nome da pequena Amber Hagerman, de 9 anos, sequestrada e morta em 1996, no Texas (EUA). Ela andava de bicicleta perto da casa dos avós quando foi levada por um homem em uma caminhonete. Quatro dias depois, seu corpo foi encontrado em um riacho. O caso nunca foi solucionado e segue aberto até hoje.
A brutalidade do crime e a comoção da comunidade, levou à criação do primeiro sistema de alerta emergencial nos Estados Unidos. Desde então, a sigla AMBER ou a significar America’s Missing: Broadcast Emergency Response (Desaparecidos da América: Resposta de Emergência por Transmissão).
Hoje, a ferramenta está presente em mais de 30 países e já ajudou a localizar milhares de crianças ao redor do mundo.