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VOTAÇÃO SECRETA

Conclave: como funciona a eleição que definirá a sucessão do papa Francisco

Eleição do novo pontífice exige maioria de dois terços entre os cardeais e segue regras praticamente inalteradas há oito séculos

Com a morte do Papa Francisco, cardeais vão iniciar o processo que definirá seu sucessor (Foto: Vatican News)
Com a morte do Papa Francisco, cardeais vão iniciar o processo que definirá seu sucessor (Foto: Vatican News)

O processo que definirá o sucessor do papa Francisco, que teve a morte confirmada pelo Vaticano nesta segunda-feira (21), deve começar nas próximas semanas, e embora envolva um rito sagrado com séculos de história, o Conclave também reflete disputas de influência que vão além da Igreja. Com 115 cardeais votantes, todos com menos de 80 anos, a eleição do novo pontífice será feita em votação secreta dentro da Capela Sistina, sem contato com o mundo exterior. Telefone, internet, jornais, televisão e até tradutores são proibidos.

A escolha só se concretiza quando um dos nomes alcançar dois terços dos votos. Caso isso não ocorra nas primeiras rodadas, o processo segue com até quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde. Depois de três dias consecutivos sem consenso, há uma pausa de 24 horas dedicada exclusivamente à oração.

Em seguida, as votações são retomadas. Esse ciclo pode se repetir até que a fumaça branca surja da chaminé da Capela Sistina, sinalizando que há um novo papa. Se a fumaça for preta, significa que ainda não houve acordo.

Desde o século XX, nenhum Conclave durou mais do que cinco dias. A expectativa é que agora não seja diferente. o papa Francisco, por exemplo, foi eleito na quinta votação, no segundo dia, em 2013. Seu antecessor, Bento XVI, também foi escolhido após dois dias, em 2005. A última eleição realmente longa foi a de Gregório XVI, em 1831, que levou 54 dias. Hoje, esse tipo de atraso é improvável, sobretudo porque o cenário eclesiástico já começa a desenhar possíveis favoritos ainda durante as chamadas congregações gerais, reuniões realizadas entre os cardeais logo após a morte do papa.

O termo “conclave” surgiu oficialmente em 1274, quando o papa Gregório X instituiu regras mais rígidas para acelerar a sucessão papal após uma longa vacância que durou quase dois anos. A constituição apostólica Ubi periculum determinou que os cardeais deveriam ficar reclusos até chegarem a uma decisão.

A lógica permanece: o Conclave é uma mistura de tradição e estratégia, em que religião e geopolítica caminham lado a lado, mesmo que sob o silêncio cerimonial do Vaticano. Até que um novo papa seja escolhido, a Sé Apostólica é considerada vacante.

Nesse período, os assuntos istrativos da Santa Sé ficam a cargo do Cardeal Decano. Atualmente, quem ocupa essa função é o irlando-americano D. Kevin Farrell, de 77 anos, que tem funções de presidência durante a sede vacante, período entre a morte/renúncia de um Papa e a eleição do seu sucessor.